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domingo, 25 de novembro de 2018

Se vejo uma guerra, quero lutar.

Meus vestidos não ficam tão bonitos em mim quanto eu pensava que ficavam. Tudo bem, eu emagreci um pouco, cresci mais um pouco e meus gostos mudaram. Eu achava que poderia me imaginar como uma princesa se ele fosse branco com flores amarelas, eu sempre gostei de flores, não sei por quê, todo o tipo, de todas as cores. No início eu não sabia o que significava rosas amarelas, então fui buscar no google; pode significar alegria, satisfação, e em contra partida, ela também pode significar ciúmes, desconfiança. Talvez na minha tão sofrida adolescência, eu tenha acreditado que rosas amarelas, de algum jeito, pudessem me dar a sensação de felicidade, com o tempo eu optei pela rosa vermelha, mas isso é outra história. Não sei quem vai ser a pessoa a usá-lo agora, mas espero que ela também se imagine como uma princesa, e acredite ser uma, como eu acredito até agora. É estranho porque, mesmo depois de tanto tempo, e altos e baixos, choros contidos e explanados, diferentes cortes de cabelo e mudança de pensamento, eu continuo amando vestidos rodados, agora eu deixo que vejam mais as minhas coxas que eu tanto aprendi a amar, e gosto mais quando eles possuem uma só cor, ou quando apertam na cintura, e ainda assim quando eu estou vestida, eu me sinto invencível, é como se eu pudesse fazer qualquer coisa, como se eu fosse permitida - como se eu me permitisse. Eu me olho no espelho e vejo uma mulher linda, forte, poderosa, e ao mesmo tempo eu vejo uma menina cheia de sonhos e esperança e eu fico me perguntando como eu posso ter espaço para ser tantas coisas diferentes, e como eu faço para conciliar cada uma dessas diferenças dentro de mim e como não confundir as pessoas e parecer coesa e coerentes, quando cada hora eu sou uma coisa diferente mesmo sendo uma só. Eu sequer consigo me entender, se um dia eu coloco batom rosa e prendo meu cabelo no alto com um laço de bolinhas brancas, e no outro dia eu estou de batom vermelho, com os cabelos soltos e um olhar desafiador. Quando eu estou de jeans, eu olho para mim mesma e vejo a eu de antes, a que tinha vergonha de usar saia em público porque minhas canelas são finas demais e eu achava as minhas coxas desproporcionais então as cobria sempre para que as pessoas não me vissem e me julgassem; eu pensava na eu que mesmo debaixo de um calor de 40º graus ainda se importava mais com a opinião dos outros do que com o seu próprio bem estar. Não sei se é orgulho o que eu devo chamar quando eu abro o guarda roupa e vejo que a maior parte das minhas roupas é composta por vestidos e que nem mesmo o fato de não depilar as pernas me impedem de usá-los quando eu quiser usá-los, talvez seja liberdade, eu não sei. De qualquer forma, eu ainda seguro o ar quando estou experimentando alguma roupa, é inevitável, mas quando eu estou me divertindo e olho pra baixo, para o meu corpo, para o meu vestido, e vejo minha pele exposta e radiante, eu sei que eu fiz a coisa certa; demorou um tempo - o suficiente, mas eu finalmente aprendi. O quê? Eu ainda não sei, mas eu aprendi.

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