Páginas

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Você se apaixonou pelo meu caos.

Porque nós sempre queremos aquilo que a gente não pode ter. Eu te quero, eu quero tudo e nada, mas como disse Clarice: "minha fome legítima é de pão." Não importa o quanto você me dê, o quanto você me ame, seu amor nunca vai ser o bastante pra mim. Vou andar pela casa escura no meio da noite, me encontrando caída por todos os lugares e quando você quiser me colar, vou despedaçar ainda mais, espalhada na penumbra da noite vazia. Não vai existir você, eu mal estarei lá; eu mal saberei quem sou. Na minha cruel queda, a força que existe dentro vai calar toda a cidade. Será belissímo e ensurdecedor. Quando você acordar em uma cama redonda e macia, os travesseiros acariciando seu corpo, você vai querer que eu te diga que eu preciso de você e que eu te busque, te encontre e que te ame como você quer ser amado. Essa troca nunca irá acontecer, porque "era ele e porque era eu". Você entende as entrelinhas das palavras que eu não digo? Seu olhar sobre mim é intenso e temporário, ele tem validade. E quando você o desvia, ferido, cansado, é aí que eu percebo. Você sabe. Você sabe e só não quer aceitar. Eu prefiro ouro, puro e reluzente mas se for isso o que você tem a me dar, então eu prefiro nada. Não quero o seguro do dia, a luz do sol. Eu quero o que eu quero, que não é nada que exista e possa ser oferecido por outra pessoa. Talvez eu não exista também e por isso você não pode me tocar, meu corpo não pode ser sentido por mãos humanas e por isso, por você ser humano e ter um coração, eu não quero nada que você possa me oferecer; e o que você não pode, eu quero mas não preciso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário