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quinta-feira, 12 de julho de 2018

12.

Dois anos e sete meses. Me espanta como o tempo passou rápido, eu poderia jurar que foi ontem que eu beijei sua testa, e prometi a coisa que eu mais me arrependo de não ter cumprido em toda a minha vida. Eu queria estar com você em todos os momentos, poder ter olhado para o seu rosto sereno, e segurado mais apertado nas suas mãos frias. Queria ter pego todas aquelas flores e ajeitado-as de uma forma bonita ao seu redor, mas eu falhei. Como eu venho falhado há anos. Sabe, tem dias que eu me pego olhando para o céu e imaginando se você está bem, se você ainda sente alguma coisa, se está olhando por mim, não sei explicar... É difícil demais acreditar que eu nunca mais vou te ver, que eu nunca vou ser capaz de me desculpar por todas as coisas que eu fiz, te implorar por outra chance, pra eu fazer melhor porque eu sei que agora eu consigo, agora eu poderia fazer qualquer coisa por você, mas o agora é tarde demais. E eu não consigo me perdoar por isso, por não ter te abraçado quando você precisava, por não ter tido paciência, por ter rido, por não saber ter te amado da forma como você merecia. No meu trabalho me disseram que eu era mimada, eu quis dizer que a única pessoa que me mimava era você. Do seu jeito meio torto e agressivo, mas ainda assim você. Porque ninguém mais acordava cedo e deixava meu café esfriando porque sabia que eu não gostava dele quente, ninguém me levava até o ponto de manhã pra ir à escola porque era horário de verão e ainda estava tudo escuro, ninguém ficava com fome, apenas para que eu pudesse comer. Eu comprei um diário há alguns meses atrás e eu sempre começo a escrever nele com uma palavra. FALHEI. Tanto e em tantas coisas que eu não poderia dizê-las sem me cansar, mas eu falhei principalmente com você, eu não estava lá quando te cobriram, não pude nem te dar um último beijo. Quando eu joguei as flores e eles tamparam com terra, eu senti que um pedaço de mim estava sendo enterrado também, e eu não estava errada. Hoje, uma pessoa elogiou o meu sorriso e na hora os meus olhos se encheram de lágrimas. Você pode ver? Isso é o quão emocionalmente frágil eu estou. Me segurando nas pessoas como se eu não conseguisse andar com as minhas próprias pernas, implorando carinho e pedindo colo, porque às vezes parece algo muito maior do que o que eu posso suportar. E eu só consigo imaginar o quanto eu queria que você estivesse aqui, pra que eu pudesse por alguns segundos me ausentar do mundo real. Agora eu tenho crise de ansiedade e ataques de pânico na rua lotada, eu choro no ônibus com a mão na boca pra abafar o barulho, eu perco a cabeça fácil e escuto músicas tristes porque é o que eu mereço. As pessoas dizem "mais um dia", e eu respondo "menos um dia" pois é como eu me sinto. Esse é um dia horrível pra mim e tudo o que eu mais queria era o abraço da única pessoa que eu não posso ter. De onde quer que você esteja, eu espero que você possa me perdoar e perceber o quanto eu te amo e sinto sua falta, tanto que dói, tanto que arde e queima, tanto que está me matando aos poucos.

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