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sábado, 3 de novembro de 2018

Você tem ideia do que me faz sentir?

Talvez esse encontro estivesse sendo adiado há muito tempo, não por nós, mas por forças maiores. Talvez em algum lugar desse mundo ou em outro, exista um Deus que queria nos poupar disso. Disso o quê? Eu não faço ideia. Você me perguntou se eu iria escrever sobre o quão depravada você havia se tornado, então aqui está a resposta. Toda vez que eu te vejo, seja por instantes, ou durante praticamente um dia inteiro, eu tenho vontade de escrever, e olha que eu não escrevo faz tempo. Eu gosto de escrever sobre você porque assim eu consigo lembrar dos detalhes sobre o que realmente aconteceu, e não do que minha mente doentia gosta de lembrar, eu tenho a memória seletiva, gosto de lembrar somente dos bons momentos. Mas quando eu coloco em palavras, eu consigo visualizar melhor o cenário, seja ele somente comigo e com você ou com outras pessoas. Sempre foi perigoso para nós duas, desde 2014 tem sido perigoso, mesmo quando não nos falávamos era perigoso, quando eu não sabia dos seus sentimentos, era perigoso, depois que eu soube, continuou sendo, e hoje, bem, hoje é ainda mais perigoso que antes. Por quê? Porque as coisas que você me diz, e que não precisam ser ditas me deixa feliz quando não deveriam, porque eu cogito possibilidades que eu não deveria cogitar por que, afinal, quem sou eu para o fazer? Eu escrevi no meu diário que ao mesmo tempo em que eu estava feliz porque você estava feliz, eu estava triste, e eu admiti para mim mesma o quão egoísta aquilo parecia e o quão nojenta eu poderia ser, mas eu não posso exigir de mim a perfeição, é impossível. Eu me senti culpada, não é nem um pouco legal saber que você não conseguiu seguir em frente e que parte de culpa nisso é minha. Ela sentia ciúmes de mim, normal; tinha razões para isso? Talvez. Você só deixa explícito aquilo que eu já sei, o que eu quero saber você esconde. Eu descobri coisas que eu não queria ter descoberto, eu descobri que eu gosto quando você passa a mão pelo meu cabelo, delicadamente ou não; que eu gosto quando você beija a minha testa e toca o meu pescoço, e quando diz que quer me levar para casa; eu descobri que eu gosto quando você diz que tem sido eu durante 4 anos, e como você fala com tanto orgulho que me quer; eu descobri que eu não deveria gostar de nada disso porque, o quão errado isso pode ser? Honestamente. O quão baixo e sujo pode ser uma pessoa  por ter outra ali por tanto tempo? Você fez questão de dizer que eu fiz você sofrer durante dois anos e agora você não sofre mais por ninguém, isso deveria fazer eu me sentir especial? Me perguntar o por que nunca aconteceu nada, não vai mudar o que aconteceu, dizer que me adora pra depois dizer que era uma brincadeira também não. "Você não sabe o quão adorável você é", a música que eu estou ouvindo agora é tão triste quanto as outras que eu sempre escuto quando estou escrevendo pra você. Não é triste a nossa história? Eu queria saber como você conta para as outras pessoas sobre mim. Eu sou a filha da puta que te machucou por dois anos? Eu sou só alguém que você conheceu no timing errado? Sim, eu tenho ciúmes de ouvir você falando sobre as outras pessoas com quem você saiu, e eu odeio que eu tenha tirado uma foto sua onde você está sorrindo e que eu tenha olhado para ela enquanto ia para o trabalho, e que eu tenha mostrado para outras pessoas e que eu tenha pensado o quanto você é bonita e o quanto eu sou covarde. Eu odeio que eu não saiba o que eu sinto, e que nessa confusão eu apenas te faça sofrer ainda mais, quando na verdade, tudo o que eu mais desejo é que você sorria, seja pra mim ou não. Não é nada muito bondoso da minha parte ou maduro, mesmo querendo te ver feliz com outra pessoa, eu quase sofro com esse pensamento. Quando ela disse "qualquer pessoa, menos ela", e o jeito como ela acariciou o seu braço mesmo que  tivesse parecido como se eu não tivesse escutado ou visto, eu estava lá, e eu prestei atenção em tudo. Talvez as coisas estejam um pouco embaralhadas na minha cabeça, eu tomei mais álcool do que eu estou acostumada, nem mesmo as palavras estão saindo com facilidade, é como se eu estivesse as vomitando, mas eu lembro do que eu preciso lembrar. Lembro da sua mão em mim, e todo o lugar que você tocou, queima, e todas as palavras que você disse, e as que você sussurrou, eu lembro de tudo, vividamente. Isso está muito confuso pra você? Você se lembra quando eu estendi a mão pra você e então eu a coloquei de volta no meu cabelo? Foi o ato mais corajoso que eu tive naquele dia, tirando o fato de ter pego o metro e encontrado você. Talvez pra você tenha significado que eu sou apenas mais uma menina mimada que não sabe beber direito, e talvez pra ela tenha significado um afronte porque ela estava tentando tirar suas mãos de mim, e talvez, naquele momento, pra mim tenha significado que eu tenho um pouquinho de controle sobre você, e o quão suscetível você é às coisas que eu faço, ou peço. Mas pensando bem agora, eu acho que foi a coisa mais difícil que eu me dispus a fazer na noite passada. Você sabe que é uma das poucas pessoas para quem eu mostro as minhas fraquezas e as minhas dores, eu deixo você me ver como eu sou por dentro, crua e nua, a ''eu'' que eu tenho medo que as outras pessoas descubram que existe, e como você pede carinho sem mostrar o quão frágil e fraca você está? Como você diz "mesmo que não aconteça nada, e só saiamos daqui mais machucadas, eu preciso que você coloque sua mão de volta no meu cabelo e me acaricie enquanto eu fecho os olhos por alguns segundos e finjo que estou perfeitamente bem?" sem parecer sensível demais? Se eu soubesse que tudo o que aconteceu ontem afetaria tanto nós duas assim, talvez eu tivesse preferido ficar em casa e ter você me odiando por alguns meses, seria melhor do que ter a certeza disso.

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