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quinta-feira, 18 de julho de 2019

quando a fumaça está em seus olhos, você parece tão viva.

descansar a cabeça no colo alheio poderia ter sido o ato mais corajoso da minha vida, se eu não tivesse insistido em chorar com as mãos no rosto para esconder a minha fraqueza. a mão tão delicada em meus cabelos e a voz suave que dizia: você precisa de ajuda? e o desespero interno de gritar SIM, por favor, sim, me ajude. e o medo de ser frágil e a bravura de levantar e agir como se não estivesse magoada. e o balançar a cabeça quando dizem que preciso de terapia, e o espanto de não me envergonhar por meus olhos estarem vermelho e o meu cabelo bagunçado. enquanto eu olhava para os trilhos e o meu coração batia descompassado, tum tum tum tum, era como se eu tivesse duas pessoas dentro de mim. uma me implorava para pular, ela dizia suave: rosa, tudo vai dar certo, você não vai chorar, sequer vai dar tempo de você suspirar e então você vai estar em outro lugar, enquanto a outra me puxava pra trás dizendo: verde, você já chegou tão longe, mesmo que seus olhos chovam às vezes, você tem orgulho de quem você é e de quem você quer ser, não desperdice sua vida assim, está vendo a luz? eu via a luz, brilhava no meio do caos. ela continuou: tudo vai dar certo. eu não estava pronta para sentir a emoção de lutar contra a minha própria mente, não estava pronta para batalhar, usando flores ao invés de armas. "não chame isso de luta, quando você sabe que é uma guerra." por que diabos eu tenho que estar na linha de frente todos os malditos dias?

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